[ mar de sempre ]
Êxule na Caledônia
ouço a música de teu tear
sou teu fuso de farpas
sou os sulcos de teu rosto
a toca de tua paciência
sou teu hóspede mudo
Meu exílio é te esperar
[ regresso]
Por dezesseis dias e dezessete noites
ouço o marulho das águas a viajar
Ítaca distância
Calipso memória
Eu
Odisseu
rei
filho de rei
regresso de Tróia à aldeia de cabras
minha pátria de herói
feita burgo fenício
Navego sob um manto de seda
estendido por Ino sobre Jônio
Trago as armas do espólio de aquiles
as sandálias e o cajado de atena
pois ignoto serei
Regresso por amor
e isto me cumpre
Verá a praia o herói que adormeceu?
aportarei em Fócis?
Que Ítaca encontrarei?
Lúcio
Permaneces
argila e rumor
véspera do incriado
pômulo de Âmbar
na mesa das prendas
Permaneces
alvenaria do abril
no mundo manual
hera que prepara
a máscara de orfeu
pois somos
o que inventamos
Última flor do Lácio
permaneces
eis que precedes
à geração do ícones
como o pássaro
antecede a manhã
Última flor do Lácio
- foste a flor de Lúcio
menos que bela
acesa e ensandecida
Última flor de Lúcio
assassinada a casa
permaneces
franja que farfalha
entre portais