José Francisco Soares Feitosa

Nasci em 19.01.44, Ipu, CE, mas a
infância passei-a em Monsenhor Tabosa, também no Ceará. Órfão de
pai ao nascer. [Notícias do trágico, aqui, em Compadre-primo].
Fui jornalista na juventude; caixeiro-viajante no Piauí; depois
funcionário do Banco do Brasil. Aos 21 anos já era Fiscal do
Consumo. Sempre por concurso. Aos 22, casei com uma serrana,
Glaucineide, e com ela tenho cinco filhos.
Em 1993, quase aos cinqüenta anos, escrevi meu primeiro poema.
Até então, nenhuma ligação com o meio literário. Dedicava-me
exclusivamente aos assuntos tributários, da atividade de auditor
fiscal, e ao acompanhamento da atividade dos filhos, vários
açougues na praça do Recife, uma empresa de médio porte que
quebrou bem quebradinha depois que me meti a poetar. Ou, pelo
contrário — um enigma até hoje não resolvido —, ter-me-ia
estabelecido poeta ante a quebra dos açougues. O fato é que, do
dia para a noite, de açougueiro e tributarista, inventei-me à
poesia. Precisamente na manhã do dia 19.09.1993, quando escrevi,
num tirinete, o Siarah.
Em 1996 iniciei a publicação artesanal do livro Réquiem em Sol
da Tarde. Ainda em 1996, fundei, na Internet, o Jornal de
Poesia. Em 1997 publiquei o primeiro livro, Psi, a penúltima -
esgotado.
Morei 14 anos no Recife e quatro em Salvador. Retornei para
Fortaleza (2001) já aposentado, tempo completo, 35 anos, prego
batido, ponta virada. Em fortaleza, completo o leite das
crianças com a atividade de especialista em tributos (Feitosa
Consultoria Tributária e Advogados Associados, OAB-CE nº 288)..
Mantenho, na Internet [Jornalista - DRT, CE, REG nº 364,
15.5.1964], além do Jornal de Poesia, o Jornal de Tributos e o
Jornal de Filosofia. Sou o jornalista responsável pela revista
eletrônica Agulha, editada por Floriano Martins e Claudio Willer,
hospedada aqui dentro do Jornal de Poesia.
Planejo — antes que a ceifeira chegue — mais um monte de coisas,
dentre elas editar Salomão, um projeto praticamente sem fim.
Veja a foto do dito cujo (eu), em plena atividade, à frente da
laboriosa equipe do Jornal de Poesia.
Convite à Flor

Ao dedilhar dos sonhos,
botão a botão, rosa a rosa;
ao escandir das sílabas,
sob o gesto,
gesto a gesto;
ao perpassar dos lábios,
beijo a beijo:
peripécia do silêncio...,
estrídulos e loquazes silêncios,
aposentem-se as palavras:
bastam flor, olores,
feromônios & silhouettes...
Palavras,
peçam-nas aos senhores advogados, para requerer;
aos protocolos, para encrencar;
fórmulas, aos senhores engenheiros, peçam-nas;
letras, aos senhores médicos,
grafia ruim, dizem, que ninguém entenda;
ao poeta,
o gesto
no máximo, a sílaba...
ou, melhor,
o silêncio,
explosivo e indisfarçável silêncio, amor.
Botão e rosa:
róseo ou rubro,
o convite à flor!
Mergulho

Ela corria pela
ravina
quand'eu lhe gritei:
desce, amor, sou eu.
Ela perguntou:
o que me trazes,
o que me ofereces?
Trago no meu corpo
o perfume da terra áspera,
o cheiro da terra
na primeira neblina,
para ti eu trago.
Nos meus olhos,
o fruto amanhecente
numa aurora de ouro,
às tuas narinas,
eu trago o fruto.
Trago também, só para ti eu trago
o furor da tempestade,
o tremor do vento do deserto,
que de dia é quente,
que de noite é frio,
e aos teus cabelos não negarei
o arrepio
nem o mergulho,
não negarei...
E na ponta dos meus dedos
um dedilhar suave,
uns tons de sol,
uns tons de lua:
esquadrinharei todo o teu rosto,
pétala a pétala,
numa manhã de rosa.
_ Agora vem, desce, amor!
Foi quand'ela saltou,
desequilibrou-se, nem sei,
de despenhadeiro abaixo,
e suavemente, pela cintura,
nos pousamos
nas touceiras azuis
dos manjericões de cheiro.
Cumplicidade
para Dora Ferreira da Silva, Poeta

Chamar pássaros
com alpiste de amá-los livres,
procuradores eles serão,
ad juditia,
ad negotia,
pleni,
plenipotenciários,
procuradores meus,
asas livres aos meus azuis.
Eles me pousam os parapeitos:
uma sombra,
tem que haver uma sombra cúmplice:
seja de aproximar,
seja de chegar bem perto
_ parece que é.
o que garante o medo
é o gesto das duas mãos,
as duas,
conchadas de pegar
em quase...
a alma do pássaro
__ não, não:
"avoe, meu bichim",
que não lhe devo...__
A intimidade é sutil
(dos pássaros),
não só o deles:
é sutil
quando estremece
e pousa.
Sempre.
*Este poemeto é sobre um tema de (e homenagem a ela)
Dora Ferreira da Silva, poema II,
Sótão, do livro POEMAS DA ESTRANGEIRA,
edição T. A. Queiroz Editor, 1995.*

*Poemas do Livro "Psi, a
penúltima",
de Soares Feitosa*
http://www.jornaldepoesia.jor.br/

Música: vilalobos.mid

Voltar
Menu
Art by
Ligi@Tomarchio®
|
|