A CITY, A ILHA E O TEMPO

Das
mais lindas sedas
Algumas lembranças, vagas apenas
A pele alva de todas as flores
Para que o abstrato que é
Sem o concreto que assusta e clama
Algumas relíquias, base apenas
A segurança contra ventos fortes
Meiga como sua relva
De todas, as mais doces frutas
Palhas para o fogo seguro
Seivas para todas as sedes
Da acidez do asfalto
Nenhuma lembrança, nem suas pestes
Pedras que calcam até o porto seguro
Das engenhocas multiformes
Todos os meios, o mundo a um toque
O Sol de belos dias
A Lua amada e amiga
Todo o firmamento à encantar a paz
Da fonte mais pura
O riacho de claras águas
Vagueia em direção ao mar
Passando pelo posto de observação
Torre dos meus sonhos
Da fauna escassa, nada pestilenta
Da flora abundante, ávida e suculenta
Sim, das mais lindas flores
Capricho aceito sem perder o equilíbrio
Suas chuvas são gratificantes
Por obra do belo quadrante
Afeito como um exótico paraíso
Com poucos estragos trazidos do mar
Para sua areia branca e alva
Poucos pássaros migrantes de outras redondezas
Ávidas borboletas na primavera
Hilárias como o beija-flor de cauda longa
Pelos néctares espalhados deste bosque
Das pedras assentadas, um caminho de flores
Para a pequena entrada do posto ao alto
Alguns móveis de boa madeira
Pequenos confortos para navegar o mundo
Na energia do Sol, uma boa parafernália
Um abrigo seco para livros e escritos
Neste canto para sorver a solidão
Feito água na mesma, o chão
As sedas ficaram na city
Com toda a sua plasticidade
Aqui ficaram os bálsamos, a paz
E os achados de além-mar
Não tem riqueza maior
Que a plenitude da paz
Sim, minha amada Ilha
Tantas faces que procuram
Tantos gestos & gostos
No prazer, uma busca
Um paraíso quase perdido
Sim, flor desejada a todo momento
Sussurros alucinantes ao luar
Ávidos desejos pelo dia
Inteiros sem meias palavras
Recanto para fortificar o espírito
Tesouro que todos buscam
Sim, vem, a porta está sempre aberta
E esses braços para segurar
Mãos para aliviar todos os tormentos
E colocar as mais doces seivas
Em meio a carinhos & atenção
Poucos encontram, é verdade
Pois o endereço mutante demais
Apenas se fixa aos corações abertos e leves
Porque quem adentra a porta
Nem sempre tem no coração aquilo que se espera
Olha e nada enxerga
Nada é esperado, também é certo
A Ilha flutua calma, como porto seguro
Com todas as suas flores
Cultivadas em essência
No dom de uma paciência impaciente
Tons amenos para o entardecer
Calmaria e novos gozos no raiar do dia
Sim, sempre uma calma fantástica
Para amainar solidão & afins
Nada se repete, tudo se faz novamente
Tudo se repete, nada se faz novamente
Se achas que é pura mesmice
É pelo olhar sem expressão do novo dia
Sim, é mágica, imaginária
Totalmente real em cada coração
Ah! amada Ilha, meu porto
Sai das conveniências para abstrair
Sobre suas relvas, sobre sua praia
Nessa dádiva ao prazer
Anseios & desejos são suas chaves
Que mesmo com a porta fechada
Estão ali, ao alcance da mão
Ela é linda, simples e maravilhosa
E tudo é um espelho do meu coração
Sim, é minha amada Ilha
Se não é para todos os gostos
É tudo o que me agrada
Mesmo quando mais me impaciento
É tudo que me conforta
Nas horas mais amargas
É onde coloco meus sonhos
Com os mais diversos desejos
Da mesa hospitaleira, da porta amiga
Da cama que acolhe, do teto que protege
À mão que acalenta
Por toda a city encontramos o bom da vida!
O NÁUFRAGO

Mar que empurra
mar adentro
Virando o mundo, virando o século
Vai e aporta, cá deste lado
Transforma-se em vazio
Fagulhas amenas, horas de busca
Um corpo nascente no piano mudo
Um encontro com mil e novecentos
Fagulhas alertas, anos que passam
Faz da música outra busca
Esse embarque sua casa
Vinde a cá, o mar aos que voltam
Embalos na vida que faz
Dias, pessoas, risos, música
O toque mágico do piano, jazz
Do amigo, trompete riso
Outros sonhos nessa imensidão
Sem por os pés na terra, mar e céu
Não argonauta, o trompete terreno, solidão
Até tudo findar-se no porto
Ávida esperança, nem desce a rampa
O gênio a caminho "Dele", explosão
Sai do mar e me afoguei na terra.
*A base é um filme que assisti, o nome não me recordo.*
BOTÕES,
ESTREITOS, FUGAS & PAIXÕES

Desta sacada
atemporal
Nauta de ondas & linhas
Ver a voz, peles cálidas
Esse tesão, amor carnal
Pele em finas sedas
Arroubos & exageros na tarde
Ávida na carne, arde
A volúpia com que me beijas
Rompo todo essa matilha
Aflorando aos olhos, esses seios
Rasgo farto de desejos
Trazendo-te para minha Ilha
Luz que vaga entre estreitos
Sorrateiro tomando-te em lascívia
Tantos gozos, o ar alivia
Avivando teus tremores nesses galanteios
Toma minha mão
Tantos beijos nesta boca rubra
Seu peito arfa para que te descubra
Tal ardor e paixão
Hum! toma a estrada em fuga
Foge daquilo que é saudade
Busca este artífice é verdade
Nesta Ilha fantástica que te busca
No brilho fosco da noite
Serena pela intensa paixão
Lavras pedaços do coração
Para navegar na rede
Feliz, adelga o colo
Apartes dos botões que abrem
O corpo nu, outra viagem
Lívida pétala, um gozo novo
O amanhecer em sonho se esvai
Novas cantilenas de pássaros
Só, estranhas a falta de afagos
De que Ilha essa paixão lhe cai.
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=692

Música: keeper.mid

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