A SEREIA

Parei. Olhei o
mar. Vi-te sereia.
O Sol ia fugindo em rósea cor,
Louco, corri e ávido de amor
Por ti, perdido, naufraguei na areia.
Do marulhar das ondas em rumor,
Ondulava a canção duma baleia.
Um navio, ao longe, era candeia
Acesa p'lo vermelho do sol-pôr.
Então pensei : morri !.... chegou a hora
De morrer entre os beijos que enlouquecem.
Senti que a minha alma se ia embora,
Subi ao céu !...mil estrelas me aparecem,
A tua boca, na minha se demora.
Teus lábios, nos meus lábios adormecem !
Humberto Soares Santa
Cotovia, 2003-01-14
QUEIXUME

Ouço vozes...
sussurros... nostalgias,
Prantos d’alma !... murmúrios de uma vida,
Sopros desta saudade indefinida
Que acompanha e devora os meus dias.
Meu corpo arrefeceu, as mãos estão frias.
No espelho tenho a face mais sofrida.
O rosto perdeu cor... barba crescida.
A alma vai chorando em agonias.
Lá fora chove. Em mim entra a tristeza !...
Nesta melancolia, o mundo esqueço.
Deus !... retirai de mim esta incerteza.
Se me afasto de mim... reapareço !
A alma que voou, hoje está presa.
Quando fujo de mim, em mim tropeço !
Humberto Soares Santa
Cotovia, 2004-01-16
ALMA VESTIDA

Um vulto nu e só,
dança na estrada
Lavando, com seus sonhos, corpo e alma.
Perdido, foi parar na encruzilhada
Onde nem no cansaço, sente a calma.
Quem és tu, dançarino do caminho ?...
Que fazes por aqui, bailando nu ?...
Que fazes neste mundo, tão sozinho ?...
Homem (que sou eu)... diz !... - Quem serás tu ?...
Pra seres o ditador da própria sorte
Nesta difícil dança que é a vida,
Terás que demonstrar que és o mais forte
Erguendo alto, a fé nunca perdida.
Só assim vencerás a própria morte,
Nu de corpo, mas de alma vestida !
Humberto Soares Santa
Cotovia, 2002-08-29

Portugal
humberto.santa@netvisao.pt

Música: Canção do Mar

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