Ilusão de Ótica

Talvez o tempo te fale desta lágrima que secou nos meus
olhos
antes mesmo de escorrer pela minha face.
Talvez um anjo te diga dos braços que abaixei,
desapontada,
pois já estavam estendidos à espera do teu abraço.
Talvez a parte atemporal do teu ser te recorde que,
sendo tu o meu lado mais forte, não poderias partir
deixando-me na orfandade de mim mesma.
Talvez em sonho tu ouças todas as palavras que agora
ribombam solitárias em versos mudos, esmaecidos,
que aborto sem deixar nascer.
Talvez tu voltes tarde demais,
quando o aleijão da tua ausência já tiver sido
incorporado
no meu dia-a-dia.
E talvez tardiamente descubras que, embora sendo eu
o teu lado mais fraco,eu fui a metade mais linda
que tu não reconheceste por medo.
deixando-a esquecida no pó da tua estrada de ilusões,
pensando tratar-se de apenas mais uma miragem
ou ilusão de ótica.
*Do livro da autora
Palavras Para Entorpecer o Coração
Soler Editora - Abril 2004
Selvagens
Criaturas

Quando os meus
dedos percorrem os teus lábios, docemente,
Quando os teus lábios comprimem os meus, selvagemente,
Quando mergulho meus olhos no abismo do teu olhar,
Quando me afrontas com malícia, a me arrebatar,
Quando abro a tua camisa com sofreguidão,
Quando ergues meu vestido, em erupção,
Quando as marcas rubras de hoje, amanhã são roxas,
Quando mortos de desejo, enlaçamos nossas coxas,
Quando somos um, rolando pelo cama atarracados,
Quando nossos corpos estremecem de prazer,
convulsionados,
Quando a tua seiva, com a minha se mistura,
Somos nesta hora macho e fêmea , selvagens criaturas,
Ou deuses, no cumprimento da lei mais pura !
*Do livro da autora
"Trovas e Poemas Sensuais"
( a ser editado em breve)
Marionete

Eu sinto medo de
ti.
Medo das barreiras que me impões, sem palavras
e que meu coração interpreta angustiado,
nas entrelinhas do que não dizes.
Eu sinto medo de ti.
Tua doçura é névoa tênue e traiçoeira
a esconder muralha férrea, contra a qual me choco
tantas vezes, entre perplexa e aparvalhada.
Eu sinto medo de ti.
Porque és todo razão, auto-controle e frieza,
jamais te soltas e te desmanchas em paixão
e às vezes és de uma dureza
à prova de qualquer compaixão.
Eu sinto medo de ti.
Porque és capaz de desnudar-me de todas as camadas,
deixando-me quase em carne viva,
enquanto não perdes sequer um pelo, a pele ou o vício
de lobo predador, velho de guerra,
conhecedor da minha alma e da alma de tantas mulheres.
Eu sinto medo de ti.
Porque sonegas respostas às perguntas cruciais,
me tens nas mãos feito marionete,
me confundes e me desmontas sem nenhuma culpa,
como se as minhas dores fossem banais.
Eu sinto medo do amor que me despertas, tão grande e
visceral.
Sinto medo da amplidão de todas as minhas expectativas.
Sinto medo da mágoa, que intensa, caminha paralela ao
meu amor.
Dos extremos, da luz e da escuridão, do céu e do
inferno, dos tantos altos e baixos que permeiam cada
capítulo e cada cena do nosso roteiro.
Ah! Homem amado e faceiro, pedaço de mal caminho, ladrão
de corações, tinhoso e traiçoeiro!
Tens o condão de fazer-se amar !
Um dia ainda curo-me de ti e vou te deixar...
e ao conseguir tal feito, presto aqui um juramento:
hei de deixar escrito um manual ou cartilha,
para que outras não caiam na tua armadilha.
*Do livro da autora
"Momentos Catárticos" (esgotado)

Lançamento em
2005
Poderá ser encontrado, para compra, nas melhores
livrarias do Brasil.
Veja também o
site da autora:
http://www.fatimairene.com/
http://www.ligia.tomarchio.nom.br/mensagens64_fatimairenep.htm

Música:
Noturno de Chopin, interpretada por Altamiro Carrilho

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