BARCO PERDIDO

Não culpes a distância pelo teu esquecimento
não queiras justificar a tua ausência assim
eu te fiz presente em cada pensamento
porque não me guardastes assim
Quando a saudade me apertava o peito
eu te sonhava e te fazia presente
podia me sentir junto a ti no teu leito
ainda que em sonhos somente
Atravessava os mares de saudade
que me separavam de ti
e aportava no cais da minha felicidade
sem precisar sair daqui
Não, não foi a distância que apagou o teu amor
ela não teria poder para tanto
eu bem sei, sinto na minha dor
esquecestes-me, porque não me amastes quanto
Hoje eu deixo o meu barco a revelia
quem sabe ele te encontre em algum lugar
e sentindo a minha saudade por companhia
possas nele desejar voltar
Célia Jardim
AH! SE EU TIVESSE TEMPO

Ah! Tempo que não passa
que me deixa em agonia
por que tanta demora
Ah! Tempo que não pára
que leva os meus dias
leva as minhas horas
Ah! Tempo que voou
que eu não vi passar
por que fostes embora
Ah! Tempo que não dá tempo
se eu tivesse tempo
não o perderia agora
Célia Jardim
DÁ-ME O SEU AMOR

Foi por amor que eu
fiquei assim
tão pobre e tão carente
eu que sempre fui independente
chego a ter pena de mim
Eu me acostumei a ter tudo o que eu quis
mas tem coisas que não se pode comprar
o que é que eu faço agora para ser feliz
se o seu coração eu não ganhar
Se precisar pedir eu peço
se você quiser até imploro
mas você precisa ficar comigo
Pois meu amor eu te adoro
sou um pobre ser apaixonado e confesso
por sua causa já me sinto um mendigo
Célia Jardim
DIO COME TI AMO

Quem me dera, quem me dera
em teus braços para sempre ficar
dançando, dançando, te sentindo
e ao som desta melodia
o paraíso redescobrindo
Teu rosto colado ao meu
corações batendo juntinhos
perdendo a noção do tempo
embriagada pelos teus carinhos
sem desejar outro momento
Quem me dera não tivesse fim
que a música não parasse de tocar
para que nem por um segundo
dos teus braços precisasse me afastar
Que importa tudo lá fora
as ilusões, os sonhos e tudo o mais
se revivo momentos de um outrora
incompreendido por todos os mortais
Que o relógio não se apresse
quando pelo eterno eu reclamo
para guardar a eternidade deste momento
e em silêncio poder te dizer
Dio Come Ti amo!
Célia Jardim
DOCE ILUSÃO

Ainda bem que a ilusão tem
passos lentos
não acompanha o tempo no seu tempo
e quando já não nos resta muito tempo
ainda temos a ilusão
Para alimentar os nossos dias
para nos fazer acreditar
que ainda temos tempo
pelo menos pra sonhar
E sonhando vamos vivendo
já não mais contando o tempo
pois o tempo de sonhar
já não conta muito tempo
Célia Jardim
É ISTO

Recordar-te é engolir a
saudade
omitir o desejo e a ansiedade
sonhar os sonhos já perdidos
esquecer a tal felicidade
Não esperar pelo amanhã
esquecer os planos feitos
lembrando o que foi desfeito
ignorar o passar das horas vãs
Recordar-te é parar no tempo
vivendo apenas do passado
matar a saudade com a lágrima
abraçar o silêncio com a dor
Recordar-te é perder a ilusão
tentar sobreviver da lembrança
lavar a alma com o pranto
olhar o vazio cheio de solidão
Mas, recordar-te é o que me alivia
alimenta minhas noites vazias
e assim, dia após dia, sobrevivo
fazendo da minha própria dor, meu lenitivo
Célia Jardim
BEM GUIADA

Não, não sinta remorso nem
pena de mim
por me teres abandonado assim
a voar sem destino feito um passarinho
quando lhe roubam o seu ninho
Não, não me trates com compaixão
não me faças sentir pequena
não me leves também a razão
deixando em mim o sentimento de pena
Restam ainda as minhas próprias asas
com feridas, mas ainda sabem voar
e por mais que a dor queime em brasas
sei que um dia elas irão cicatrizar
Eu não nasci presa as tuas
e sempre pude encontrar o meu ninho
tenho a força para que nada me destrua
seguirei confiante o meu caminho
Vá, não fiques olhando para trás
segue tranqüilo os passos teus
eu estarei bem, sei que sou capaz
antes de ti, eu já era guiada por Deus
Célia Jardim
OBRIGADA MEU AMOR

Agradeço-te...
Por deixar comigo tantas lembranças
por ter-me feito tanto bem
hoje eu posso ainda te sentir
pelo muito que deixastes aqui
O gosto da tua boca
o calor do teu abraço
o perfume das tuas mãos
a lisura dos teus atos
Obrigada meu amor
por ter-me amado um dia de forma igual
fazendo-me sentir
a pessoa mais especial
Obrigada meu amor
hoje sei que não mais me amas
mas isto não diminui
o que fizestes tempos atrás
Nada posso cobrar-te
deste-me tudo que eu quis
enquanto me amastes
fui a pessoa mais feliz
E hoje eu te recordo
com um carinho sem fim
serás sempre o meu maior amor
obrigada, por ter ficado tanto em mim
Deixar de amar alguém não é defeito
ainda que fosse, quem ama perdoa
como querer-te mal se deixastes em meu peito
somente coisas boas
Guardo-te com todo meu amor
como se guarda o mais raro troféu
fostes o que eu poderia conquistar de maior valor
o meu prêmio vindo lá do céu
Célia Jardim
QUE SAUDADE É ESTA

Que saudade é esta que me
invade agora,
em que me apoio em minha janela vencida,
parecendo ouvir uma música de outrora,
que no passado marcou tanto a minha vida?
Imagens, cenas, um perfume que não se afasta,
volteiam em minha mente de repente,
devo estar sonhando, isto explica,
esta saudade que me arrasta!
Mas que sonho é este que me leva ao distante,
trazendo-me recordações, desejos verdadeiros,
lentamente voltando o relógio do tempo,
sem que eu possa fazer parar os ponteiros!
Sinto um nó me espreitando o peito,
como se uma voz ao longe me chamasse,
uma sensação de presença,
num vento que suavemente, sopra a minha face!
Mas que dor é esta que me aperta a alma?
Dói... Eu sinto que dói!
Não, não estou sonhando!
Dói a alma, o peito, dói a vida!
Quanto tempo eu vivi sem me dar conta,
que eu não vivo, eu existo há anos,
e esta saudade, apenas chora os meus enganos!
Célia Jardim
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=1792

Música: Saudade, by Demis
Russos

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