

BIOGRAFIA
Sérgio Campos, nasceu na Ilha do
Governador, Rio de Janeiro, em 23 de janeiro de
1941, e faleceu aos 53 anos, no dia 28 de dezembro de 1994.
(Dados retirados da dissertação de mestrado de R. Leontino
Filho, "Sob o Signo de Lumiar", uma leitura crítica de
Sérgio Campos. Um grande, extenso e profundo trabalho sobre o
poeta, defendido na Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.)
*Agradeço ao amigo Jorge Pieiro, pela gentileza em autorizar
a publicação do seu texto a seguir e pelas informações acima. *

COMO CONHECI SÉRGIO CAMPOS
por Ligi@Tomarchio®
Aproveito para expressar minha profunda
admiração pela obra e coração do grande poeta Sérgio Campos, com
quem aprendi o pouco que sei, durante os anos em que mantivemos
correspondência e pelos livros com os quais me presenteou e de
onde retirei os poemas que poderão ler no final da página.
Como sua passagem foi breve, amigo... Mas o
espírito de suas palavras é eterno!

Depois de algumas décadas, que outros abismos
horizontais constrói o poeta Sérgio Campos?
por Jorge Pieiro
"... E
porque temo que os heróis
se exilarão de suas próprias lendas
espancados de sua gente e mordidos de seus cães
enquanto espero
teço labirintos de cautela..."
Sérgio Campos
O tempo massacra a memória,
indiscutivelmente... Mas há dez anos eu escrevera sobre a obra
Sérgio Campos. Floriano Martins, antes, já tratara em vida e
obra com o poeta, pois eram cúmplices de sortilégios em forma de
poesia. Tempos depois, Leontino Filho arregaçou as mangas,
reuniu crítica e paciência, e escreveu sobre e para o poeta uma
dissertação — Sob o signo de lumiar —, rica de poesia e
sentimento, em meio a jargões acadêmicos.
Esses dias, não sei por qual razão lembrei do poeta... Talvez
uma coincidência pelos dez anos de ausência casualmente
pressentidos, ou, quem sabe, a lembrança do período em que, com
resistência, evitava escrever sobre poetas, contistas,
romancistas, uma vez que sofria por não os encontrar depois como
leitores, pois eles teimavam em deixar os textos órfãos para
sempre.
Resolvi, então, despertar para reler o que escrevera há tanto
tempo. Penso que continuo devendo muito mais ao poeta, mas sei
que continuo resistindo ao que outrora escrevi. Se me permitem,
reedito o que chamei de Os abismos horizontais de Sérgio Campos.
Uns poucos acertos, um pouco de perplexidade, um pouco de
saudade daquele que conheci somente através de uma foto e de
seus poemas, mas que foi o bastante para saber reverenciá-lo.
No texto, conhecido por poucos, escrevi quase isto:
Tempo e maturidade são fatores essenciais para consolidar as
relações viscerais entre a poesia e o poeta. Convém esclarecer
que essa afirmativa anula a concepção comum de tempo, enquanto
representação dos movimentos do Universo. Concebido assim, sem
as prisões estabelecidas pelo homem e seus métodos, mas como
parcela íntima e individual, o tempo do poeta contraria a
inevitável degeneração funcional e orgânica do ser humano. Dessa
forma, permite elastecer a mirada dos horizontes e aprofundar a
contemplação das esferas de vivência interior; já a maturidade,
provável conseqüência do sofrer a vida, torna-se motivo condutor
da experiência poética, estendida entre a realidade e o
imaginário.
Com as cicatrizes marcando um rosto, um poeta busca luz ao beber
o sol e as constelações, para assim delimitar suas pedras, suas
veredas, suas margens e suas amplidões. É privilégio apenas de
verdadeiros poetas estabelecer os contornos do infinito e do
ínfimo pelo jogo e artifício das palavras com as quais lida.
Sem os alardes vazios de tantos poetas nacionais, apregoadores
de falsas grandezas, um poeta buscou a eternidade nas palavras
e, com elas, compôs um mundo manual, épico, abissal. Como se
houvesse cumprido o rastro da sua luz, legou-nos seus
espetáculos de aurora e crepúsculos: um mundo sensível, belo e
generoso de poesia. Embora já ausente o principal protagonista,
a singularidade do poeta carioca Sérgio Campos (1941 - 1994),
leva-me a reverenciar sua poesia pela leitura reunida de seus
dez anos de escrutínio de palavras.
Mar anterior (Mundo Manual Edições, 1994) foi a celebração e o
registro apurado de sua poesia publicada. Selecionados e
revistos, a obra reúne poemas desde A casa dos elementos (CE),
1984, passando por Bichos (B), 1985, Ciclo amatório (CA), 1986,
Montanhecer (M), 1987, Nativa idade (NI), O lobo e o pastor (LP)
e As iras do dia (ID), todos de 1990, Móbiles de sal (MS), 1991,
A cúpula e o rumor (CR), 1992, até Leitura de cinzas (LC), 1993.
Mar anterior é uma obra poética em dinâmico refluxo, que
possibilita reconhecer a variedade de estratagemas no possível
sal marinho de suas entranhas. Exala uma maresia provocada, não
pelo agito das ondas de um tempo infelizmente contemporâneo ao
que resta de valor sob a superfície desse nosso caosmos de todo
dia, mas surgido de uma complacência com os valores arcaicos da
mitologia pulsante na inconsciência de nossos ciclos de sol e
lua.
A um poeta que afirmou ter se fixado nas formas clássicas de
poesia, também a ele foi exigida a absoluta modernidade de seu
classicismo, sob a ameaça de não ser compreendido pelos seus
pares, e, principalmente, pelas castas dos cartesianos e
positivistas de tocaia. Mas isso não importa tanto, pois para
quem fazer uma arte arcaica assustou mais aos outros poetas que
ao poder, cabe-me estender os olhos às suas peças poéticas como
quem vai assumir uma postura irremediavelmente solene, livre
porém dos artifícios burocráticos.
A ausência desses efeitos de repartição pública é reflexo,
talvez, das declarações do poeta em várias situações e ocasiões,
ao enunciar que a sua estética era basicamente a da repetição.
Não escreveu Campos poemas semelhantes, mas os reescreveu
elevando a escritura à enésima potência. Quis cumprir a teoria
da repetição ao recriar as próprias versões de sua simplicidade
harmônica. A prova precisa se dá nesses versos do soneto Apenas
o que dou não é perdido (LP): pois o que sei e fiz trouxe da
ausência/e refazer é meu melhor invento (p. 51). Em sua curta
trajetória poética de 10 anos Sérgio Campos não foi apenas um
transcriador dos mitos greco-latinos, mas um venturoso
perseguidor da consciência, um viajante na idealidade imaginária
que seguiu a trajetória da busca, como Odisseu, em seu "Tecido
de abismos" (ID): sigo em busca de um ouro em que tudo se oculta
(p. 36).
Mar anterior é uma peça solene. Reúne poemas que se reafirmam
formalmente em sonetos, odes ou formulações livres, enfeixados,
contudo, dentro de uma perspectiva épica moderníssima, o que
possibilita vislumbrar origens fragmentárias em suas extensões.
A obra, com seus entes, espaços, vazios e suas plenitudes
reunidos de forma sucinta, porém bastante impetuosa, sugere a
intenção de Sérgio Campos em construir sua poesia como se
construísse abismos horizontais. A profundidade não é vertical;
a perpendicularidade dos limites é que revela a sua própria
extensão...
Fazendo um paralelo com as construções poéticas greco-latinas,
premidas pelo tempo e pela ousadia, ou com as procriações
barrocas, Mar anterior deixa-se revelar como um exemplar iceberg
poético, onde as ruínas dos estilos aparentes ascendem do nível
comum do mortais, deixando submersas as raízes de sua profusão,
para mesclar-se com as exigidas fagulhas da poesia mais
contemporânea. Ora, não são das ruínas, ou dos encantados ossos
que se constrói uma urbe perdida ou um ancestral?
Os poemas mais curtos de Sérgio Campos, na realidade pequenos
tentáculos de um abismo mais extenso, são os que considero mais
clássicos. Como constituem elos de um enunciado maior,
(in)visível, sugerem a figura dos submersos icebergs. Veja o
exemplo nessa "Encantação dos fios" (MS): — Ó Ariadne/o que não
se escreve para a beleza/resta sempre inacabado (p. 31), ou em "Lumina"
(CR): Entre o que sucede/e intermedia/está a velocidade da flexa/contra
a corrente//entre o significado e Delfos/o âmbar da
profecia//Mas de inocência e perigo/a manhã faz seus ninhos (p.
90).
Note-se que o caminho mitológico, nesses exemplos, são
fragmentos de erudição diante da grandeza metafórica das nuanças
do cotidiano, da incompletude eterna da beleza à possibilidade
maniqueísta de como a manhã faz seus ninhos...
E o que mais é possível sentir é ausência de uma simplicidade
clássica... Mas continuo...

Do sótão ao porão
Como não poderia deixar de figurar entre os elementos essenciais
de uma poética, Sérgio Campos também definiu e deixou florescer
elementos simbólicos em sua obra. Exemplo mais evidente dá-se
com as construções em torno da palavra ou do lugar-asilo, a
casa. Com efeitos extremamente valiosos, Campos ativa sua
motivação e atenção às notas de Gaston Bachelard, eminente
fenomenólogo, em sua Poética do Espaço.
Nos poemas dedicados à casa, ruminações dos espaços íntimos,
Campos imprimiu com precisão e sutileza a sua previdente
solidão, por meio de um texto figurativo, sem ilusões. A exemplo
de um eremita que devaneou com a audição de melodias provençais,
o poeta revelou o segredo de suas imensidões marginais: acendeu
a vela no porão e permitiu a luz do sótão... ou seja,
revelou-se.
Em "Ruínas Horizontais" (MS), o poeta refletiu: a casa/é seus
arredores (p. 11); raptos de aromas/de crianças no quintal (p.
13); a casa/é seus crepúsculos (p. 14); a casa/é suas ruínas (p.
16); a casa/é seu corpo e viagem (p. 17).
Numa evidente busca do passado, o poeta reviveu a ancestralidade
de seu espaço e foi consumido por sua gênese. Pois a casa foi/é
ainda "alvenaria de acasos", "vômito das clarabóias",
"espantalho de rendas no colo das tias", e tantas outras
dimensões sintagmáticas, que convergem para uma única
compreensão da vida: "toda ruína é humana". A essência do
cotidiano, que engole a memória e desatina a lembrança, é a
própria fórmula da maravilha poética de Sérgio Campos.
As "Ilhas da Casa" (CR) projetam-se mais graves quanto às
conclusões do poeta sobre seus arredores. Preso à sua sombra, o
poeta admite que memórias são sucessões/de espelhos aprisionados
(p. 94) para, em seguida, declarar de viva voz o seu desejo de
regresso ao hiato que o separa do passado. Tendo, ora as visões
de todas as janelas e corredores, ora de seus espaços
imaginários, o poeta quer - Deixar as portas abertas/para
paixões circulares (p. 97).
Com essas imagens e as visões das extremidades cíclicas do
espaço, Campos reformulou as divagações de Gaston Bachelard, a
respeito da poética e da solidão. Coube a ele revelar aquilo que
o fenomenólogo sugeriu: "é fechado na sua solidão que o ser de
paixão prepara suas explosões ou suas façanhas". A casa, em
Campos, é releitura de seu devaneio; o quarto, a reflexão de sua
intimidade. Mais uma vez citando Bachelard, "o quarto e a casa
são diagramas de psicologia que guiam os escritores e os poetas
na análise da intimidade". Sérgio Campos desvendou ou tentou
reconstruir sua "alvenaria de acasos".
Não é desejo meu perpetuar os escombros dessa casa, as ruínas da
humanidade, fazendo retornar à lembrança o poeta. Mas,
simplesmente, fazer com que um possível leitor venha a saber que
existiu um poeta brasileiro que ousou, silenciosamente, tragar
espaços de um mundo imaginário, mágico, manual.

A redenção dos bichos e das frutas
Fundamento também singular na poética de Campos é o reprocesso
dos valores mais tênues da natureza. Sem subterfúgios, o poeta
se apropria do mundo vivo e sublima as facetas de seus bichos e
vegetais escolhidos. Com a criação de uma fitozoologia poética
particularíssima, Campos concentra páginas e páginas com suas
invenções reais da natureza.
Interessante observar que a reprodução poética dos bichos ou dos
vegetais estão sintonizadas com a metáfora definitiva. Ou seja,
aquela metáfora que resiste ao tempo, ao mesmo tempo em que
desfruta de uma esplêndida simplicidade. Observe essa
constatação em "Caju" (NI): Pendurado/em suas vírgulas/ama a
gramática/dos sabiás (p. 119).
É um caso feliz de composição da natureza a partir dos elementos
objetivos da língua. Parece que é possível ouvir e entender a
melodia dos sabiás, uma vez que a relação simbiótica entre caju
e pássaro logo é decodificada pelo poeta para que o entendimento
dê-se plenamente. Sugestionando pela mensagem, Campos,
conscientemente ou não, ensina que a natureza não carece apenas
de contemplação ou zelo ecológico. A metáfora sugere que a
natureza é a própria encarnação do sentimento de cordialidade e
respeito que deveria ser a tônica desta vida terrena.
Seguindo o mesmo caminho, aproxime-se deste "Peixe" (NI): O
peixe/desenha/o rio//É a voz desse rio/rama em romaria//Um
rio/sem peixe/é um rio/sem rio (p.116).
A verdade da última estrofe é fundamental. A negação de um
elemento da natureza, inerente ao seu ambiente, é a própria
negação do todo. A parte nega o todo! Que melhor forma de
exprimir uma figura com a simplicidade de um nado,ou um vôo,
como em: "Passarinho" (NI)?: Para voar/não é preciso/ser
leve//mas/fácil (p.112).
O traço poético de Sérgio Campos nesses esboços de natureza,
nessas raízes emergentes, são aqueles que mais identificam a
idéia possibilitada anteriormente, a partir dos volumes
aparentes de "icebergs". São com esses poemas mínimos que a
cosmopoética de Campos traça mais veementemente a trajetória de
suas evoluções.
É a hora talvez precisa de recolher-me, para recordar entre
silêncios. Imerso, quase que totalmente, como um iceberg.
Assim...

Últimas reflexões
Definir a poesia de Sérgio Campos é uma tarefa inexeqüível.
Assim como não se deve exigir de um poeta a sua própria
definição, apesar de tentativas, também não convém enjaular um
poeta, uma poesia. O poeta é livre até ao se deparar com a sua
lógica.
Vale aqui repetir trecho de um depoimento de Baudelaire a
respeito da origem e do propósito de recomendações críticas, nem
sei mais de onde extraí essa voz que diz:
Sinto pena dos poetas guiados apenas pelo instinto; me parecem
incompletos. Na vida espiritual dos poetas deve ocorrer um
momento de crise, em que repensariam sua arte, descobririam as
leis obscuras que os levaram a produzir arte, e chegariam,
através desse estudo, a uma série de preceitos cujo grande
propósito seria a infalibilidade na produção poética.
Pois parece que Campos seguiu essa sugestão. A sua crise foi
longa, porquanto foi curta a sua vida. Em apenas 10 anos de
poesia, e aqui afirmo que o tempo íntimo do poeta tornou-o
consciente de sua arte madura, Campos conseguiu construir um
coração para o espelho de suas idéias.
É óbvio que para se inteirar das revelações poéticas do poeta,
algumas vezes o leitor desavisado pode não perceber as
evidências de suas estratégias, o que é plausível, no entanto,
pois ali se instaurou a sombra mais íntima, o abismo mais
próximo do poeta, onde são vedados os passos do estranho
interlocutor em seu silêncio de busca. Nesses casos, penso que é
melhor ser o culpado: o leitor que me desviei. Auden já
proferira que "os interesses do escritor e do leitor jamais são
os mesmos e se ocasionalmente chegam a coincidir, trata-se de
mero acaso". Não posso generalizar.
No entanto, posso concluir que deve ser eternizado o bom poeta
Sérgio Campos, mesmo diante de uma cena dos "Jogos Perigosos nº
2" (LC): O abismo celebra/ofícios de pedra (p. 132).
...retiro o poeta da memória enquanto viva para tentar
eternizá-lo.

Alguns Poemas

Poema do livro "nativa idade" (1990), de Sérgio Campos
Tatuagens de infância
fiz deste sangue:
minhas mãos nas tuas
a aurora dos bois
o olhar afogado
De tudo que sentimos
somos cicatrizes
memórias
viagens
[ amora ]

Poema do livro "o lobo e o pastor" (1990)
NOTURNO EM LUMIAR
Sérgio Campos
Devo habitar o pátio das ausências
pois deserdado estou das utopias
Movido por estigma ou demência
meu sol deixou de margear os dias
Lancei-me em desventura pelos mares
nos arabescos de maus portulanos
e embora saciando os avatares
salgou-me o sol de secos oceanos
Tentei reconhecer mitos antigos
mas vi apenas ira em fogos sacros
Por isso dissolvi-me entre postigos
para fazer da sombra confidente
Viver é conjurar com simulacros
em busca de uma dor benevolente

Poema do livro "As iras do Dia" (1990)
ESCULTURA DE UMA ÁRVORE
Sérgio Campos
A escultura de uma árvore
brota do chão
das gretas da terra
irrompe
áspera
veemente
A escultura de uma árvore
captura espantos
irroga ao sol
profecias gestuais
violentas
A escultura de uma árvore
estende ramas
ao prazer de seu nume
brande galhos delirantes
eclode
em flor
seu cio
vegetal
A escultura de uma árvore
se enrijece e treme
samurai
do vento
úbere
das chuvas
onde sorve o sêmen
do plural que engendra
A escultura de uma árvore
não se repete:
recicla-se
em formas terminais
sugere os temas
aos madrigais da terra
A escultura de uma árvore
não cicatriza
é arte corporal
nativa
urdimento de raízes
dançarina de ventos germinais
A escultura de uma árvore
sabe a ira dos dias
o lenho e o estupro
a serra e a amputação
Coreógrafa
de sua própria morte
faz do abril
pálido pássaro
Pede silêncio à lâmina
e o gume se cala
Rebelada e última
a escultura de uma árvore
imola-se à beleza
flora assassinada
ofício de trevas

Poema do livro "Mobiles de Sal" (1991)
[ profanação ]
Sérgio Campos
Busquei teu corpo
no corpo de Fedra
emaranhei meu destino
nas rendas de Fedra
brindei a peçonha das serpes de Fedra
e bebi de meu sangue
nos ardis de Fedra
mandei salgar
o túmulo de Fedra
E enterrei meu filho
onde não há perdão

Poema do livro" a cúpula e o rumor" (1992)
APRENDIZADO PELO INSTANTE
Sérgio Campos
Elemental a sanha do momento
quando vivido em gana cada instante
Era futura e se tornou distante
minha passagem pelo movimento
Onde caminho o ontem é meu antes
a estrada que me guia ao novamente
Pertenço à geração do incandescente
enigma de mitos delirantes
Num campo de centauros calcinados
narro parábolas de incerto nume
onde se tem perdido por achado
tempo de chamas término de aurora
Cumprir com gana a maldição do lume
e celebrar o funeral do agora

Música: Suiten für Violoncello
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